Institucional

UFMG e Bombeiros se unem para aprimorar tratamento de dados gerados pela corporação

Criação do programa de pós-graduação em desastres é uma das frentes da cooperação técnica que foi assinada simbolicamente pelas dirigentes das duas instituições

Sandra Goulart assina o termo de cooperação técnica observada pela coronel Jordana
Sandra Goulart assina o termo de cooperação técnica observada pela coronel Jordana FilgueirasFoto: Jebs Lima | UFMG

O Corpo de Bombeiros de Minas Gerais (CBMG) realizou, somente em 2024, cerca de 400 mil atendimentos, que abrangem ocorrências relacionadas a incêndios, salvamentos e vistorias. Cada atendimento gera um registro com um volume de dados que, se tratado em profundidade, pode gerar políticas públicas e aprimorar a atuação operacional da corporação na prevenção e mitigação de desastres. Esse é o propósito do termo de cooperação técnica firmado em novembro do ano passado pelo CBMG e pela UFMG – por meio do Instituto de Geociências (IGC). A assinatura simbólica do acordo ocorreu nesta segunda-feira, dia 7, na Sala de Sessões do prédio da Reitoria.

A cerimônia reuniu a reitora Sandra Regina Goulart Almeida, o vice-reitor Alessandro Fernandes Moreira, a comandante do Corpo de Bombeiros, coronel Jordana de Oliveira Filgueiras Daldegan, o comandante da Academia de Bombeiros Militar, coronel Peron Batista da Silva Laignier, o diretor do IGC, Carlos Lobo, o deputado federal Pedro Aihara, vinculado à corporação, gestores de unidades e da Administração Central da UFMG e oficiais do Corpo de Bombeiros.

Segundo o documento firmado, a cooperação entre a UFMG e o Corpo de Bombeiros tem o objetivo de avaliar a consistência dos bancos de dados da corporação, confrontando o número de atendimentos com os registros gerais do estado para naturezas semelhantes, produzir mapas ou modelos de identificação espacial de ocorrência de potenciais desastres, desenvolver uma calculadora de riscos e dados e formular um Índice de Atendimento Operacional (IAO) capaz de mapear áreas prioritárias de atuação, entre outros.

“Todos os dados que geramos já são trabalhados por um centro integrado de informações de segurança pública, mas acreditamos que a parceria com a UFMG nos possibilitará atuar de forma ainda mais estratégica, utilizando metodologia científica para refiná-los”, disse Jordana Filgueiras à reportagem do Portal UFMG. Antes, durante sua fala na cerimônia, ela já havia vislumbrado os ganhos da iniciativa. “Educação e ciência fazem a diferença. Com elas, qualificamos nossa atuação e cumprimos a nossa missão de proteger e salvar vidas."

A parceria entre a UFMG e a corporação tem, entre os seus entusiastas, o deputado federal Pedro Aihara, que se notabilizou como porta-voz do CBMG durante a crise deflagrada pelo rompimento da barragem de Brumadinho, em 2019. Aihara destinou emenda parlamentar de R$ 200 mil para a criação de um laboratório de geodésia dedicado ao desenvolvimento de modelos para prevenir acidentes.  

Pedro Aihara:
Pedro Aihara sugeriu a criação da pós-graduação em desastresFoto: Jebs Lima | UFMG

Durante a cerimônia, Aihara, que é bacharel em Direito pela UFMG, destacou o tamanho do desafio enfrentado pela corporação. “Minas Gerais é o estado que registra o maior número de desastres no país”, disse ele, que destacou tanto o trabalho do Corpo de Bombeiros do estado – “o mais internacional do país com missões em países como Moçambique, Haiti e Canadá” – quanto o da UFMG, capaz de enfrentar “cenários desafiadores por meio da ciência”.

Outra frente relacionada à parceria é o projeto de criação de um programa de pós-graduação em desastres, sugerida pelo próprio deputado. De acordo com o diretor do IGC, Carlos Lobo, a Universidade está identificando pesquisadores que trabalham com a temática em várias dimensões (geologia, recursos hídricos, solo etc.) para encorpar o projeto. “Temos professores no próprio IGC e também esperamos envolver especialistas do ICB, do ICEx, da Escola de Engenharia, da Fafich e da Escola de Arquitetura”, exemplificou.

‘Impacto simbólico’
A reitora Sandra Goulart Almeida ressaltou o “impacto simbólico” da cerimônia que reuniu mulheres ocupantes dos mais elevados postos nas duas instituições que celebravam a parceria. No cargo há pouco mais de dois meses, a coronel Jordana Filgueiras é a primeira mulher a comandar o Corpo de Bombeiros de Minas Gerais. “Essa cerimônia deveria ter acontecido antes, mas as agendas [da reitora e do então comandante, Erlon Dias do Nascimento Botelho] não coincidiram. Calhou de ocorrer com a nova comandante no cargo”, comemorou Sandra Goulart.

Na visão da dirigente, as meninas se sentem estimuladas quando percebem que postos de relevância na sociedade – como o de reitora da UFMG e o de comandante do CBMG – são preenchidos por mulheres, o que gera ganhos civilizatórios. “Uma sociedade certamente será melhor e mais justa quando mulheres também têm a oportunidade de ocupar cargos de alta gestão”, disse ela.

Ao se referir ao deputado Pedro Aihara como um grande parceiro da UFMG no Congresso Nacional, Sandra Goulart fez questão de mencionar que ele foi o primeiro parlamentar da atual legislatura – eleito em 2022 – a solicitar uma audiência com ela para tratar de assuntos de interesse público, como a própria criação do programa de pós-graduação em desastres. “É prioridade de nossa gestão aproximar a UFMG de instituições como o Corpo de Bombeiros, a Polícia Militar, o Exército, governos federal, estadual e prefeituras. Somos uma universidade federal firmemente enraizada em Minas Gerais, e essa parceria com o Corpo de Bombeiros se insere nesse contexto”, concluiu a reitora. 

Jordana e Sandra Goulart exibem o termo de cooperação técnica
Jordana Filgueiras e Sandra Goulart exibem o termo de cooperação técnicaFoto: Jebs Lima | UFMG