A galeria da Escola de Belas Artes da UFMG abriga, até 25 de abril, a exposição individual Espaços topológicos: poética da forma. A mostra apresenta um conjunto de obras executadas pelo escultor e professor Fabrício Fernandino ao longo dos últimos anos. Com destaque para a pintura, o desenho e as esculturas em madeira reciclada, as produções também envolvem metal, pedra e vidro. A mostra pode ser visitada de segunda a sexta, das 8h às 22h. A entrada é gratuita e tem classificação livre.

Espaços topológicos é uma série iniciada por Fernandino em 2005, quando esboços e anotações em cadernos passaram a registrar o crescente desejo do artista em trabalhar a madeira. A partir de 2010, alguns desses projetos saíram do papel e se tornaram esculturas, sobretudo entre 2020 e 2024, período em que o escultor se isolou e encontrou o silêncio e o distanciamento necessários para se envolver na produção.

'Cada madeira é um universo'
Preocupado com a ética ambiental, Fernandino optou pelo uso da madeira reciclada, reaproveitada de restos de obras civis, materiais de demolição, refugos de madeireiras e restos em decomposição encontrados na natureza. “O que era descartável assume uma beleza inesperada e nos apresenta como resultado a elegância e a dignidade características desse material”, afirma o artista.

A escolha também o levou a buscar soluções e a desenvolver tecnologias para trabalhar cada qualidade de madeira, em respeito às características e delicadezas do material. Segundo o artista, o trabalho com madeira requer muito mais que habilidades técnicas, pois esse material está em processo de transformação e ainda abriga a vida em seu interior numa escala microscópica. “Suas fibras, seus veios, sua textura e sua cor, até seu cheiro, devem ser respeitados e valorizados. Cada madeira é um universo. Trabalhar a madeira exige mais que habilidades técnicas, exige afeto”, afirma.

A mostra reúne produções com um duplo sentido conceitual: um formal, matemático e estético, e o outro filosófico e político, que estimula o espectador a desvelar as questões apresentadas. “Às vezes, somente a palavra não é suficiente para traduzir sentimentos. O olhar e a imersão são grandes aliados nesse sentido”, opina o artista.

Sobre o artista
Fabrício Fernandino, mestre e doutor em Artes Visuais, é escultor e professor de Escultura da Escola de Belas Artes desde 1992. Ele atua nas áreas artística, acadêmica e de extensão na UFMG e exerce atividades vinculadas ao ensino e à pesquisa e orientações. Seus trabalhos artísticos têm enfase em arte ambiental, escultura, videoinstalação, fotografia, curadorias, ação cultural e residências. Fabrício é o atual diretor do Centro Cultural UFMG.