UFMG mantém nota máxima no Índice Geral de Cursos
Na avaliação do Enade 2023, divulgada na última sexta-feira, mais de 80% das formações de graduação da Universidade alcançaram o conceito mais alto

Os resultados do Exame Nacional de Desempenho dos Estudantes (Enade) de 2023, divulgados na última sexta-feira, dia 11, revelam que a UFMG alcançou mais uma vez nota máxima (5) no Índice Geral de Cursos (IGC), o conceito médio da graduação após ciclo trienal de avaliações, ficando em segundo lugar entre as universidades federais e se destacando mais um vez como uma das melhores instituições de ensino superior do país. No ciclo trienal a partir de 2021, 55 cursos foram avaliados. Desde que o IGC que começou a ser calculado, em 2007, a UFMG sempre obteve a nota 5.
No conceito Enade, 81,8% dos cursos da UFMG avaliados em 2023 (18 em 22) alcançaram conceito máximo, o que indica excelente desempenho geral das formações avaliadas.
Outro índice divulgado pelo MEC na semana passada é o Conceito Preliminar de Curso (CPC): 12 dos 22 cursos de graduação da UFMG avaliados em 2023 (54,5%) tiveram seu conceito elevado de 4 para 5, nota máxima. Nove dos 22 participantes (40,9%) mantiveram o conceito 4, considerado muito bom pelo Inep, e apenas um curso teve conceito 3, o que sugere análise mais cuidadosa, apesar de o desempenho ser considerado satisfatório.
O cálculo do CPC considera o desempenho dos estudantes na prova do Enade (20% da nota), o Indicador de Diferença entre os Desempenhos Observado e Esperado (IDD), que é o valor agregado pelo processo formativo (35%), o regime de trabalho e a titulação do corpo docente (30%) e a percepção dos recém-graduados sobre as condições do processo formativo (15% da nota).
Inclusão social
A reitora Sandra Regina Goulart Almeida ressalta que o conjunto de conceitos e notas gerados pelo Enade retrata muito fielmente a situação do ensino superior no Brasil e se soma a outras avaliações, nacionais e internacionais, que atestam a excelência da UFMG em todas as áreas do conhecimento. “Todos os números e classificações divulgados neste ano pelo MEC destacam a qualidade de nossas formações de graduação, posicionando a UFMG mais uma vez como uma das melhores universidades federais do país”, afirma.
De acordo com Sandra Goulart, o Enade tem valor especial, uma vez que mede o desempenho dos estudantes assim que concluem seus cursos. “Eles estão prontos para atender às expectativas e às necessidades da sociedade”, celebra a reitora, acrescentando que a satisfação da comunidade universitária com resultados como esses “é ainda maior porque mais da metade dos nossos alunos provêm de escolas públicas, beneficiam-se da formação que recebem na Instituição e das políticas de permanência e inclusão social mantidas pela UFMG”.
A diretora adjunta de Avaliação Institucional, Micheline Souza, recomenda que os resultados do Enade e os relatórios de curso e da instituição devem ser apropriados pelos cursos de graduação como materiais a serem analisados pelos Núcleos Docentes Estruturantes (NDE), colegiados e pela Comissão Própria de Avaliação (CPA). Segundo ela, esse procedimento “favorece a autoavaliação e a melhoria contínua dos cursos, mesmo daqueles que atingiram o conceito máximo”.

CPC aumentado
Os 12 cursos que tiveram seu CPC elevado para a nota máxima (de 4 para 5) são Arquitetura e Urbanismo, Biomedicina, Engenharias Ambiental, Civil, Elétrica, Mecânica e de Produção, Farmácia, Fisioterapia, Fonoaudiologia, Medicina Veterinária e Odontologia.
Os indicadores da edição de 2023 do Enade estão disponíveis no site do Inep. Mais informações podem ser obtidas na mesma página.
A reunião em que foram divulgados os resultados do Enade está gravada no canal do MEC no YouTube.
Estudantes assistidos têm melhor desempenho
Em 2023, participaram do Exame Nacional de Desempenho dos Estudantes (Enade) 1.347 instituições de ensino superior. Vinte e oito áreas foram avaliadas no exame – 22 bacharelados e seis tecnológicas. Cerca de 10 mil cursos foram avaliados, 93% deles na modalidade presencial e 7% na modalidade de Ensino a Distância (EaD).
As instituições federais e estaduais tiveram mais de 40% das notas 4 e 5 – as mais elevadas – no IDD, que mede o conhecimento acrescentado ao estudante ao longo do curso. O percentual diminui para instituições comunitárias, privadas sem fins lucrativos, municipais e privadas com fins lucrativos, onde as notas 1 e 2 representam quase 40%.
Uma constatação importante derivada dos resultados do Enade está relacionada ao desempenho dos estudantes que recebem auxílio-permanência (moradia, alimentação, entre outros). Eles tiveram média de 67,7, e os que não receberam auxílio alcançaram 64,7, o que, segundo o Inep, demonstra a importância das políticas de permanência e de assistência estudantil também no desempenho acadêmico.
Em relação ao Conceito Enade, que avalia a qualidade dos cursos, as universidades públicas federais e estaduais obtiveram mais de 60% de suas notas entre 4 e 5. O percentual vai à metade entre as comunitárias e diminui nas privadas sem fins lucrativos, nas municipais e nas privadas com fins lucrativos, onde as notas 1 e 2 são quase 50%.
Quando o recorte é a modalidade, as formações presenciais aparecem mais bem representadas com as notas 4 e 5 – 10% a mais do que os cursos a distância.
O Enade de 2023 foi realizado em 1.203 municípios dos 26 estados e do Distrito Federal. Mais de 400 mil estudantes se inscreveram, e 85,3% fizeram a prova.
Ajustes e aprimoramento
Nos últimos anos, a UFMG tem enviado ao Inep propostas de melhorias nos mecanismos de avaliação e definição de indicadores vinculados ao Sistema Nacional de Avaliação da Educação Superior (Sinaes). Algumas delas foram incorporadas e, na visão da gestão da Universidade, aprimoraram o processo de avaliação dos cursos de graduação. Os gestores consideram, ainda, que é necessário aprofundar as reflexões e propor mais aprimoramentos e ajustes. É o caso do indicador IDD.

O IDD tem por finalidade destacar, do desempenho médio dos estudantes concluintes, aquilo que diz respeito especificamente ao valor agregado pelo curso. Em teoria, a ideia é interessante. Na prática, o resultado é obtido pela diferença entre o desempenho médio dos estudantes em dado curso no Enade, aplicado aos concluintes do curso da graduação, e no Exame Nacional do Ensino Médio, em que se baseia a seleção para o ingresso nas universidades. Esse indicador é um dos componentes do Conceito Preliminar de Curso (CPC), com peso de 35%, considerado muito elevado. Os outros são a nota no Enade (20%), regime de trabalho e titulação do corpo docente (30%) e a percepção dos recém-graduados sobre as condições do processo formativo (15% do CPC).
“O que ocorre é que cursos com notas de corte muito altas no Enem, e esse é o caso da maioria dos cursos da UFMG e de outras universidades públicas, precisam ter desempenho muito próximo do máximo no Enade para alcançar um IDD que gere efeito positivo sobre o CPC”, diz o pró-reitor de Graduação, Bruno Otávio Soares Teixeira. “É importante que o IDD seja pensado de forma suficientemente não linear para conseguir tratar, por exemplo, os casos de cursos com notas de corte acima de 800 no Enem e cujos concluintes atingem o percentil dos 10% de melhor desempenho no Enade – e que, portanto, deveriam, igualmente, produzir um IDD que se aproxima do valor máximo e não do valor médio", argumenta.
O caso da Medicina
Um exemplo típico dessa situação na UFMG é o do curso de Medicina, que oferece o maior número de vagas entre todas as instituições públicas no Brasil (320 por ano), tem as maiores notas de corte no Sistema de Seleção Unificada (Sisu) e recebe nota máxima em praticamente todos os indicadores que compõem o CPC. “Nosso CPC cai para quatro em razão do IDD, assim como acontece com todos os cursos de medicina de universidades federais”, afirma a vice-diretora da Faculdade de Medicina, Cristina Alvim, que já ocupou o cargo de diretora de Avaliação Institucional.
Das 110 instituições públicas brasileiras que oferecem cursos de medicina, apenas uma recebeu CPC igual a 5 nos resultados recém-divulgados. Outras cinco, todas privadas, alcançaram CPC 5, sendo que três delas tiveram conceito Enade igual a 4. Isso se dá, segundo a professora, porque provavelmente as notas dos alunos dessas instituições no Enem foram mais baixas e elevaram a nota do IDD.