Rankings universitários: retratos inevitáveis e imperfeitos
Classificações globais oferecem oportunidades para reflexão sobre políticas acadêmicas, mas esbarram na dificuldade de captar especificidades locais

Criação Cedecom
Os rankings são uma realidade inescapável e, apesar de seus vieses conceituais e das muitas críticas, constituem-se em ferramentas que contribuem para a compreensão do estado da educação e da pesquisa ao redor do mundo. Essa visão por vezes se reflete na governança acadêmica de algumas instituições de ensino superior, que passam a considerar aspectos dessas classificações ao elaborar as próprias políticas.
Há quase dez anos, o matemático Philippe Vincke, da Universidade de Bruxelas, antecipava que os rankings se tornariam referência para a elaboração de políticas institucionais por parte das universidades. No cenário mundial, algumas dessas classificações se consolidaram e ocupam lugar de destaque – o Academic Ranking of World Universities (ARWU), da Universidade de Jiao Tong, de Xangai, o QS World University Ranking, da empresa Quacquarelli Symonds (QS), o britânico Times Higher Education (THE) e, no âmbito nacional, o Ranking Universitário Folha (RUF), que neste ano chegou à sétima edição.
De acordo com a pesquisadora Sabine Righetti, em artigo no livro Repensar a universidade – desempenho acadêmico e comparações internacionais, organizado pelo professor da Universidade de São Paulo (USP) Jacques Marcovitch, a literatura científica estima a existência de cerca de dez rankings universitários globais com periodicidade definida, que avaliam as universidades de todo o mundo, e outras 60 listagens nacionais que analisam o desempenho das instituições de um país. O fenômeno dos rankings universitários também tem sido objeto crescente de produções acadêmicas.
Abordagem crítica
A reitora Sandra Regina Goulart Almeida afirma que rankings proporcionam reconhecimento e visibilidade, mas ressalva que a missão da UFMG não é balizada por eles. “É imprescindível abordar os rankings em uma perspectiva crítica, avaliando, em cada caso, as escolhas da metodologia, dos indicadores e os seus impactos no resultado obtido”, pondera a reitora. “Além disso, temos outros parâmetros, próprios de uma instituição pública e gratuita, referência para o país e relevante para a sociedade, como o impacto social da atuação universitária”, acrescenta.
Os rankings são abordados na principal reportagem da edição 2.036 do Boletim UFMG.