Conselho Universitário aprovou concessão do título de Doutor Honoris Causa a Pepe Mujica
Reitora da UFMG lamentou a morte do ex-presidente uruguaio: ‘grande humanista e defensor da integração latino-americana’

O Conselho Universitário da UFMG aprovou, em sua última sessão, realizada em 29 de abril, a concessão do título de Doutor Honoris Causa ao ex-presidente do Uruguai, Pepe Mujica, que morreu nesta terça-feira, 13 de maio, aos 89 anos. A homenagem foi proposta pela Congregação da Faculdade de Educação.
“Mujica foi grande humanista, defensor das universidades públicas e da integração latino-americana e líder carismático”, lamentou a reitora Sandra Regina Goulart Almeida em postagem em uma rede social. Ela conta que Mujica foi, há 35 anos, a grande inspiração para a criação da Associação das Universidades do Grupo Montevidéu (AUGM). “Ele foi luz durante os anos duros que vivemos no Brasil”, disse a reitora.
Sandra Goulart relata que se encontrou pela última vez com o líder uruguaio exatamente em um evento da AUGM, Fazer futuro, em 2023. Na época, ela presidia uma mesa de debates, e Mujica falou a uma plateia de jovens que lotou o auditório da Universidade da República (Udelar), em Montevidéu.
Na ocasião, o líder latino-americano conclamou os espectadores a “fugir do risco de traírem a si mesmos”. “Os humanos são os únicos animais que têm certa margem para incidir sobre o rumo das suas vidas, alterando-o. Vocês podem passar a vida toda pagando prestações ou podem utilizar uma parte do tempo de vida que têm para resgatar o melhor deste mundo e deixar para aqueles que virão um mundo melhor do que vocês têm hoje para viver”, filosofou.
Nascido em 1935, em Montevidéu, José Alberto Mujica Cordano trabalhou como agricultor, teve papel relevante no combate à ditadura uruguaia do período 1973-1985 – o que lhe valeu 14 anos de prisão – e foi presidente do Uruguai de 2010 a 2015. Ele também foi senador de 2015 a 2018.
Homenagem póstuma
Como presidente do Conselho Universitário, a reitora Sandra Goulart vai propor ao órgão máximo de deliberação da UFMG a realização de uma cerimônia para concessão póstuma do título ao ex-presidente uruguaio. Ela se baseia em dois precedentes: o primeiro foi a indicação feita pela Faculdade de Direito, em 30 de outubro de 1967, de concessão do título de Professor Honoris Causa ao jornalista e empresário Assis Chateaubriand. Ele morreu em 4 de abril de 1968. Não há registros da data de outorga do título, mas a concessão póstuma foi respaldada por parecer do consultor jurídico do então reitor Gérson Boson.
Mais recentemente, em setembro do ano passado, o Conselho Universitário diplomou postumamente quatro estudantes mortos pela ditadura militar: Gildo Macedo Lacerda (Economia), Idalísio Soares Aranha Filho (Psicologia), Walkíria Afonso Costa (Pedagogia) e José Carlos Novais da Mata Machado (Direito).