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Projeto que transformou terreno abandonado em horta comunitária é premiado

Idealizada por estudantes e professores da Escola de Arquitetura, ação desenvolvida no Aglomerado da Serra, em BH, também oferece sessões de cinema ao ar livre

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Oficinas sobre agroecologia, plantio, colheita, compostagem e fabricação de adubo orgânico são oferecidas para crianças Duvulgação

Estufa com hortas verticais, sistema de horta hidropônica com piscicultura e composteira são alguns dos equipamentos que compõem o projeto Crianças de Horta, desenvolvido no Aglomerado da Serra em um terreno — antes abandonado — de mais de 800 metros quadrados, cedido pela Copasa, em parceria com o Projeto Itamar e colaboração da comunidade. 

Concebido por professores e alunos da Escola de Arquitetura, o projeto recebeu R$ 25 mil pelo segundo lugar no Prêmio de Boas Práticas Urbanas: Ambiental, Saneamento e Social, concedido pelo Conselho de Arquitetura e Urbanismo (CAU) de Minas Gerais. Os vencedores foram anunciados durante a última reunião plenária da entidade, em dezembro.  

Sob orientação dos professores Tiago Lourenço, Margarete de Araújo Silva e Priscila Mesquita, o Crianças de Horta também conta com um galinheiro e canteiros revitalizados com telhas de cerâmica. O projeto também é responsável por organizar sessões de cinema ao ar livre por meio do Cinema na Serra.

Descentralização da gestão
A iniciativa partiu de professoras da Escola Municipal Edson Pisan, como conta a professora Margarete Silva. “Ao envolver as famílias da comunidade escolar, que vivem nas favelas no entorno da escola, ampliamos a discussão e estimulamos a busca coletiva para a solução de um problema que afeta todo o planeta, resultado da lógica de extração, consumo e descarte que caracteriza o modo de produção capitalista”, observa.

Para a professora, ações como as empreendidas no projeto deveriam integrar as políticas públicas do setor, “indicando a potência da descentralização da gestão urbana como condição de adequação às realidades locais e suas especificidades”. “Embora seja um processo lento, a livre organização cidadã pode evidenciar o poder da autogestão dos recursos humanos e materiais da sociedade em benefício da coletividade”, reflete Margarete Silva.

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Iniciativa envolve famílias que vivem no Aglomerado da SerraDivulgação

A horta vale-se de práticas sustentáveis como compostagem, reutilização da água da chuva e da lavagem de verduras para irrigação e esterco de galinhas para adubar o solo. São cultivados alecrim, alface, arruda, banana, beterraba, boldo, brócolis, cebolinha, coentro, couve, erva cidreira, ervilha, hortelã, manjericão, pimenta, pimentão, rúcula, salsão, salsinha, taioba, tomate, entre outros. 

O projeto também oferece oficinas sobre agroecologia, plantio, colheita, compostagem e fabricação de adubo orgânico para crianças e realiza visitas educativas aos moradores. O espaço abriga, ainda, a Biblioteca do Muro, com mais de quatro mil exemplares, e um mural pintado pelas mulheres e crianças da comunidade.

Matheus Espíndola