Saúde

Hospital das Clínicas faz mutirão de rastreamento do câncer colorretal

Em dois dias, serão realizados 72 exames de colonoscopia em pacientes com o procedimento autorizado

Paciente sendo submetido à colonoscopia no mutirão de 2024
Paciente submetido à colonoscopia no mutirão de 2024 Foto: arquivo Hospital das Clínicas UFMG/Ebserh

O Hospital das Clínicas da UFMG/Ebserh está realizando, nesta semana, um mutirão de rastreamento do câncer colorretal em pacientes que já aguardam a colonoscopia, o método mais confiável de diagnóstico da doença.

A ação, que prossegue nesta quinta-feira, dia 20, depois de jornada realizada na terça, 18, integra o Março Azul Marinho, campanha que busca mobilizar profissionais de saúde e a sociedade civil para a importância do diagnóstico precoce e do tratamento adequado. Durante todo o mês, a fachada do hospital será iluminada com a cor azul para reforçar a iniciativa, que tem alcance nacional.

Nos dois dias, serão realizados 72 exames de colonoscopia em pacientes regulados, ou seja, que estão em fila de espera com o procedimento autorizado. Três salas de exames são disponibilizadas por dia. A ação envolve médicos anestesistas, endoscopistas e equipe de enfermagem.

Segundo o coordenador do Serviço de Endoscopia, o médico Rodrigo Roda, a colonoscopia é a arma mais poderosa no combate ao câncer de intestino. Ela é indicada para homens e mulheres com idade superior a 45 anos. “É um exame rápido, seguro e realizado sob anestesia, que possibilita o diagnóstico dos chamados pólipos, as verrugas que aparecem no intestino devido a mutações genéticas. Elas podem crescer e virar câncer”, explica.

O processo do surgimento do pólipo a um possível câncer leva cerca de 10 anos. “Por isso, temos uma chance única de retirá-los e impedir o aparecimento do tumor colorretal”, continua Roda.

Outra forma comum de rastreamento inclui a pesquisa de sangue oculto nas fezes, mas, segundo o médico, não é tão confiável. “O câncer de intestino, quando diagnosticado nas fases iniciais, tem chance de cura de aproximadamente 95%”, enfatiza. 

Sintomas
O câncer colorretal não provoca sintomas em suas fases iniciais. Alteração do hábito intestinal, dores abdominais, presença de sangue nas fezes ou obstrução são sinais de que o câncer está em fases mais avançadas, quando a cura é menos provável. 

Cuidar da alimentação e adotar hábitos saudáveis são medidas que podem impedir o aparecimento da doença. “Uma dieta pobre em frutas, vegetais, carnes magras e alimentos com fibras, assim como o consumo excessivo de carnes vermelhas ou processadas, potencializa o risco para a doença. O sedentarismo, a ingestão de bebidas alcóolicas e o tabagismo são outros fatores de risco”, alerta o endoscopista Rodrigo Roda.

A presença de algumas doenças também aumenta as chances de desenvolver a neoplasia. É o que ocorre, por exemplo, com portadores de retocolite ulcerativa crônica e da doença de Crohn. “Essas condições predispõem a alterações genéticas, em que uma célula começa a multiplicar-se desordenadamente, formando o pólipo que parece uma verruga dentro do intestino e que tem potencial de virar câncer”, diz.

O mutirão é uma parceria entre o Hospital das Clínicas UFMG/Ebserh, a Sociedade Brasileira de Endoscopia Digestiva, a Sociedade Brasileira de Coloproctologistas e a Federação Brasileira de Gastrenterologia.

45 mil casos em três anos
O Instituto Nacional de Câncer (Inca) prevê, para o período entre 2023 e 2025, o surgimento de cerca de 45 mil casos de câncer colorretal no Brasil. Cerca de 85% dos casos no Brasil são diagnosticados em fases avançadas, o que reduz significativamente as chances de cura e aumenta a complexidade do tratamento e seus custos.

Luna Normand | Hospital das Clínicas-Ebserh