Exposição ‘Tudo que é rastro um dia foi desejo’ reúne obras de formandos da EBA
O Centro Cultural UFMG abriga a exposição coletiva Tudo que é rastro um dia foi desejo, dos formandos em Artes Visuais da Escola de Belas Artes (2024/2), com curadoria do Projeto Piscinão. A mostra reúne trabalhos desenvolvidos por 16 alunos em variados materiais e suportes como pintura, desenho, escultura, gravura, cianotipia, instalação e fotoperformance. A visitação está aberta ao público até 23 de março de 2025. A entrada é gratuita e tem classificação etária livre.
Para Caio Marques, monitor do projeto, as obras apresentam o olhar do artista em formação, que captura e ressignifica o mundo, imprimindo nelas sentido e desejo. “Suas criações refletem tanto a realidade quanto os sonhos, transformando-se em experiências, em que pensamento e produção contribuem no rastro de um desejo”, afirma.
Entre sonhos e realidades
A mostra explora os espaços e dimensões variadas de cada projeto, como a abordagem do urbano nas obras de Bárbara Ferreira, que faz um recorte do cotidiano, e de Yor, que retrata fauna silvestre fora de seu habitat por meio de grafite e estêncil. Ítalo Carajá e Rosana Oliveira contrapõem a realidade por meio de um resgate das memórias de infância, enquanto Marcella Marzano vale-se da pintura e de cianotipias para apresentar lugares reais que transitam no imaginário. Imoraes também explora a memória ao modificar retratos de sua família, criando novos personagens para estss registros.
A abordagem do corpo passa pelo figurativo e o abstrato. Carolina Sanz retrata o lado interno, fazendo referência à decomposição e à repartição, visibilizando o que está oculto. Manu Mati, por sua vez, investiga o corpo figurativo, revelando sua identidade singular e o diálogo entre vivências e pressões da sociedade contemporânea. Maria Luisa Almeida molda seu corpo com argila em uma fotoperformance.
A exposição também tem obras que estimulam a reflexão sobre questões sociais. Por meio da gravura, Cassia Giovanna questiona o patriarcado ao expor o corpo feminino não como indivíduo, mas em busca de um coletivo que resgata tradições, heranças e ancestralidades. O trabalho de Paula Costa mostra um corpo que clama por liberdade, criticando as imposições da sociedade sobre os comportamentos íntimos e as escolhas pessoais das mulheres.
Eduarda Pereira retrata experiências de uma vida neurodivergente, utilizando pássaros esteticamente modificados para representá-la. As obras de Elena Ventura trazem elementos carregados pelo contraste, criando uma composição orgânica de corpos, bichos, esqueletos e seres fantasmagóricos.
As instalações de Isabela Tunes criam e recriam composições por meio de desenhos e texturas de troncos de árvores com uma montagem orgânica. Malu Souza associa o corpo humano com o casulo a partir macramê de fibras de bananeira. E Victor Borém explora a ligação entre materiais orgânicos e maleáveis como a cerâmica, a madeira, o algodão, o metal e as linhas.
